A passagem de Morus estava regular e com número interessantes para as condições atmosféricas, com 486 ind. a passar em 45 min (08.05h-08.50h).
O resumo:
S. pommarinus: 16
S. skua: 5
P.mauretanicus: 48
P. puffinus: 1
P. griseus:5
C. diomedea: 3
M. bassanus: 486
I. melanocephalus: 1 (1º inv)
P. squatarola: 4 (bando em voo no mar)
Ao longe, para lá da média distância entre a Berlenga e Peniche, passavam regularmente os S. pommarinus, quase todos adultos em fase clara, em pares ou grupos de 3, possivelmente passaram mais, contudo a grande dispersão de aves pelo mar, foi complicado monitorizar tudo.
O resto do dia foi investido na procura de raridades (raridades de origem neartica e da aparentemente Alfacinha inornatus), eu e outros observadores, batemos os vários locais em Peniche e Lagoa de Óbidos, mas nada! Nada de passeriformes migradores, os números foram muito baixos, com meia dúzia de P. collybita, 1 Muscicapa striata, 1 P. trochilus, 2 A. scirpaceus e ao final do dia encontrei 1 S. communis, macho 1cy numa figueira, gordo que nem um texugo, possivelmente de vários dias "estacionado" no mesmo local.
Longe de deter o conhecimento de todas as variáveis envolvidas no complexo processo de migração, posso no entanto expressar uma opinião sobre o sucedido. Ao que parece baixas pressões que trouxeram ventos do quadrante Sul e chuva, barraram o caminho aos migradores no Norte de Espanha e Biscaia e os passeriformes nos dias subsequentes que já estavam abaixo da "cintura" de depressões, foram-se movendo para Sul. Vi, por exemplo, algumas C. daurica e Fringilla coelebs a migrarem para Sul no sábado à tarde (19.10.2013) e nessa mesma noite, apontei o telescópio à lua e em 30 min de observação logo depois de deixar de haver luz, passaram 10 aves, testemunhando que havia movimento nessa noite.
Em suma, creio que o que aconteceu foi um interromper do fluxo de migradores, e apesar das condições pouco favoráveis em Portugal, a movimentação foi possível, permitindo aos indivíduos em condições continuarem viagem para sul, esvaziando a pouco e pouco o "stock" de migradores do Oeste. O tempo adverso durante um período migratório, pode induzir um observador a sair, na expectativa de ter forçado as aves a ficarem num mesmo local, contudo, creio que a grande questão será, onde se situa esse limite? Quão adverso a situação atmosférica precisa de estar para impedir a deslocação?
Postado por: Helder Cardoso