Quando finalmente acordei, fiquei a saber que não tinha perdido nada, ufa… que alivio! Mas comecei logo a pensar em tentar durante a tarde, afinal se o vento ia rodar e ficar mais norte o que era mau, ia também ficar mais forte o que era bom, além de que ficar em casa no sofá não me estava propriamente a apetecer.
Portanto acabado o almoço fui para Peniche, era estupidamente cedo, mas pensei que se desse, excelente! Se não desse não perdia a tarde e voltava para casa.
A primeira coisa que reparei quando cheguei aos Remédios era de que a ondulação estava muito alta e o vento estava basicamente norte, ou seja estava péssimo para ver alcídeos, mas pronto, já que lá estava experimentei.
Para minha supressa estavam MUITAS gaivotas no mar mas rissas nem uma, no entanto estavam a passar alguns Gansos-patolas e para meu alivio rapidamente localizei um Moleiro-grande, no dia anterior durante as contagens RAM em quase 3 horas de contagem não tinha conseguido ver nenhum, apesar de terem passado vários, pelo menos segundo os meus colegas… tendo arrolado mais uma espécie para a lista anual, resolvi ficar mais um pouco, a ver o que aparecia, passaram vários bando de Tordas, mas nada de especial, mas de repente vejo vir uma frente de chuva, e fiquei na expectativa do que poderia aparecer antes de começar a chover, passaram mais umas tordas e um bando de melanitas para norte e de repente vejo 1 Airo em voo para sul!! Espetáculo!
O Airo é para mim uma daquelas espécies complicadas tendo este sido o meu 4º, e tendo visto o 1º só no final de 2011, tendo ido de propósito ao cabo raso para ver um que estava a aparecer regularmente na zona. Estava ainda a dirigir o airo quando vejo virem 4 alcídeos, assim que os vi pensei logo que eram papagaios-do-mar, eu já por varias vezes ao longo dos 5 anos que observo aves pensei ter visto papagaios-do-mar mas nunca consegui confirmar para minha satisfação de que era mesmo um, e isto porque? Porque os alcídeos são pequenos! Voam muito rápido! E todas as 3 espécies que ocorrem em Portugal são pretas por cima e brancas pro baixo!
Conseguir ver se uma dada ave é mais preta, com cinza na face, com a parte inferior da asa escura e é mais pequena que uma Torda, parece simples em teoria mas não o é na prática! Especialmente porque ao contrário das Tordas os Papagaios-do-mar só aparecem junto á costa (no Cabo Carvoeiro pelo menos) em situação de tempestade, o que dificulta e muito a sua observação. Mas desta vez eu estava preparado para eles e tive a sorte de passarem relativamente perto, portanto ao fim de CINCO anos consegui por fim ver Papagaios-do-mar.
Obviamente que as boas noticias são para partilhar e avisei varias colegas arroladores da boa nova, com o resultado de ter feito o Hélder saltar do sofá, e vindo fazer-me companhia, infelizmente não passaram mais mas espero que tal como me aconteceu com varias outras espécies marinhas que apos 1º primeiro avistamento tirado a ferros tive um 2º em condições ideias com estes se passe o mesmo!