Photos taken in February at Peniche harbour, western Portugal. posted by: Helder Cardoso
0 Comments
E espécies marítimas?
Bom surpreendentemente a lista é muito longa, dada a posição geográfica de Portugal estamos nos limites da área de ocorrência de várias espécies da macaronésia, espécies essas que são nalguns casos observadas com alguma frequência em águas continentais. No entanto essas observações indicam que o período de ocorrência acontece entre meados de julho e meados de agosto, altura em que o vento é predominantemente do quadrante norte e portanto adverso. Por outro lado, estamos muito longe do limite sul da área de distribuição de algumas espécies árticas, o que dificulta em muito a sua ocorrência bem como de espécies que sendo no norte europeu são costeiras. Torna-se assim complicado para as espécies costeiras cá chegarem devido à geografia do noroeste espanhol, espécies que ocorrem com alguma frequência nessa zona nunca chegam a descer. Por fim, temos as espécies do outro lado do atlântico, as quais podem atravessar, mas normalmente os sistemas que as forçam a fazer a travessia “batem” demasiado a norte para alguma cá chegar. Mas vendo aquilo que é possível, não provável, mas possível, começamos com 4 espécies de patos marítimos que são possíveis de ocorrer. Todas as espécies são muito difíceis de ocorrer por vários motivos, mas temos uma grande vantagem em relação ao resto da europa, quase todos eles chamariam imediatamente à atenção e não ficariam perdidos no meio de um bando de uma espécie semelhante. Somateria spectabilis: Com apenas quatro registos em Espanha, não é fácil, mas este pato-ártico pode eventualmente chegar a Portugal. No entanto, vendo os registos das zonas do paleártico a norte de Portugal tal parece difícil, mas curiosamente no lado oeste do Atlântico esta espécie ocorre frequentemente a latitudes mais baixas que no lado leste. Este facto aliado ao de esta espécie ter ocorrido nos Açores leva-me a pensar que é possível uma ocorrência de uma ave com origem neártica num sistema climatérico como o que é responsável pela ocorrência em Portugal de gaivotas originárias do ártico canadiano. Melanitta americana: É talvez a espécie de pato-marítimo mais provável de aparecer como nova espécie em Portugal, dada a grande abundância na costa leste da América do norte. Infelizmente os juvenis são muito facilmente confundíveis com Melanitta nigra, o mesmo é verdade para as fêmeas, por isso restam os machos adultos que serão com certeza uma pequena parte dos divagantes no WP. Visto já terem sido encontrados mais de 2 dezenas no WP, todos eles machos adultos, é razoável assumir que igual número de fêmeas e muitos mais juvenis ocorreram. O mais difícil é dar com eles, e aqui talvez seja mais fácil em Portugal onde o número de Melanittas é muito baixo quando comparado com os países mais a norte, continua a ser uma agulha no palheiro, mas o palheiro é mais pequeno. Melanitta deglandi: esta espécie, e com isto estou a assumir o split iminente, é uma que está realmente fora do radar dos observadores. Basicamente se vemos um pato-preto com branco na asa pensamos sempre em Melanitta fusca e nunca nos lembramos que fusca é apenas um de 3 taxas que são muito parecidos distinguindo-se por pormenores de coloração, e pela estrutura da cabeça. Bom, e porque é que eu acho que é possível? Porque é uma espécie frequente ao longo da costa leste americana e porque qualquer melanitta que não nigra que ocorra em Portugal é por definição uma raridade e vai ser analisado com atenção. Enquanto, um deglandii imaturo/fêmea na Irlanda, por exemplo, vai passar despercebido por se assumir logo fusca, em Portugal mesmo que o mesmo aconteça, fusca é uma raridade e vai ser dada atenção à ave, possibilitando a correta identificação da mesma. Melanitta stejnegeri: esta espécie asiática pode ocorrer em Portugal, e pode porque já chegou a Espanha, e mais ainda em Vigo!! A escassos km da fronteira, portanto apesar de ser teoricamente impossível dada a área de ocorrência o facto é que… Bucephala islandica: Esta espécie tem um número de registos surpreendentemente baixo na Europa, o que é de estranhar já que tem populações na Islândia, e na costa leste americana que podiam perfeitamente originar a que algumas aves cá chegassem. Mais uma vez, acho que temos uma vantagem em relação ao resto da Europa, qualquer Bucephala que apareça em Portugal será sempre uma mega-raridade. Enquanto que no resto da Europa um juvenil de Bucephala islandica ficará perdido no meio dos Bucephala clangula, ora isso garante que se um Bucephala islandica vier cá parar será quase de certeza bem identificado porque atrairá a atenção de muitos, enquanto na Europa irá quase de certeza passar despercebido. Postado por: Pedro Ramalho Já ocorreram em Portugal 403 espécies na categoria A (Anuário Ornitológico 8), mas nos últimos anos tem aparecido mais 1-2 novas espécies por ano, tal é explicado em parte pelo grande aumento de número de observadores e em parte pelas novas tecnologias que faz com que mais espécies sejam detectadas à posteriori através de fotos.
O universo de possíveis novas espécies em Portugal é incrivelmente extenso, na realidade estamos a falar de dezenas de espécies que podem ainda ocorrer, desde passeriformes americanos a patos europeus ou até mesmo a aves marítimas. Dado Peniche ser bem conhecida como um dos pontos em Portugal para a observação de marítimas e gaivotas, vou falar sobre as hipóteses mais prováveis nestes dois grupos. Gaivotas: Incrivelmente ainda podem aparecer em Portugal varias espécies de gaivotas, depois das dominicanas de 2013, que foram uma completa surpresa, existem uma série de espécies que apesar de serem esperadas ainda não apareceram. Ichthyaetus ichthyaetus: O gigante entre as gaivotas de cabeça preta, apareceu recentemente em Espanha. A população desta espécie está a aumentar lentamente, e os registos a norte da sua área de distribuição sucedem-se cada vez com mais frequência. Um dado importante é que os registos para oeste pelo mediterrâneo estão a aumentar culminando com o registo desta espécie em Espanha em 2014. E se apareceu em Espanha, porque não em Portugal? Resta saber quando, Setembro/Outubro serão talvez os meses mais prováveis, mas numa lógica reversa, à ocorrência da Gaivota de Audouin na costa atlântica porque não em Março ou Abril? Para além de aves a percorrem a costa norte do mediterrâneo vale a pena lembrar que esta espécie já ocorreu na Madeira e nas Canárias, portanto é possível que haja movimentações de aves ao longo da costa oeste africana. Chroicocephalus cirrocephalus: Com 4 registos em Espanha pode ser uma questão de tempo. Outra espécie a estar atento, infelizmente ao contrário das outras, esta pode facilmente passar despercebida, sendo confundível com um Guincho, especialmente os 1º invernos já os adultos em plumagem nupcial, com os seus olhos claros e capuz cinzento dificilmente passarão despercebidos. Fevereiro a Abril serão provavelmente os melhores meses com aves imaturas a acompanharem a migração dos Guinchos, sendo expectável que apareça no Algarve. Larus glaucescens: Das gaivotas possíveis de aparecer em Portugal é esta que está provavelmente mais fora dos radares dos observadores portugueses, afinal de contas é uma espécie que frequenta as costas da América do norte, mas a costa oeste e não a leste, pensar que uma conseguiria chegar a Portugal, parece absurdo, a ave teria que atravessar um continente e o atlântico para cá chegar. E no entanto, porque não? 2 registos recentes em Inglaterra demonstram que é possível ocorrerem deste lado do Atlântico e um registo nas Canárias, em 1992, demonstra claramente que pode aparecer em Portugal. Ao contrário dos países do norte onde os 1º invernos passam provavelmente despercebidos, em Portugal, esta espécie chamará com certeza a atenção em qualquer idade. Larus thayeri: É a espécie mais esperada, dada a sua área de distribuição, tamanho da população, e ocorrência em Espanha e na Irlanda. Será na realidade apenas uma questão de tempo até aparecer em Portugal. Esta era uma espécie que toda a gente estava à espera em Janeiro-Fevereiro de 2014 com a invasão das gaivotas polares, mas que infelizmente não aconteceu, apesar de ter aparecido uma provável em Aveiro. Este taxa é algo complicado porque é intermediário entre a Larus glaucoides kumlieni e a Larus smithsonianus e consequentemente é bastante variável, além de ter uma posição taxonómica bastante debatida, mas é sem dúvida uma gaivota a procurar nos meses de inverno nos locais de ocorrência de outras gaivotas polares. Por isso, quando encontrarem uma Larus glaucoides kumlieni muito escura ou uma Larus argentatus muito clara estejam atentos à possibilidade de ser uma thayeri!! Rhodostethia rosea: O adulto desta espécie é possivelmente uma das mais bonitas espécies de gaivotas, sendo o 1º inverno o mais provável de aparecer. Dado o pequeno tamanho da população e as zonas de ocorrência no inverno será preciso um mega evento para trazer uma a Portugal. No entanto em 2009 apareceu uma em Espanha e em 2014 num evento semelhante ficou uma a poucos km da fronteira. Pode ser que seja no próximo evento. A espécie é de fácil identificação, mesmo assim convêm ter em atenção que é uma espécie muito pequena, pouco maior que a gaivota-pequena com a qual pode ser confundida. Quando aparecer será num inverno muito rigoroso, num período de influxo de outras gaivotas polares, pode aparecer junto à costa, mas também em albufeiras no interior. Pagophila ebúrnea: Talvez a gaivota mais desejada pelos laurofilos portugueses, esta é a espécie de sonho para qualquer observador de gaivotas, existem basicamente 3 tipos de raridades, o 1º tipo são as raridades que são expectáveis de vermos mais ano menos ano, na realidade é apenas uma questão de tempo até quase todas as espécies raras ocorrerem de novo algures, portanto podemos esperar. O 2º tipo são as raridades que se aparecerem começamos logo a fazer planos para ir vê-las. E o 3º em que quase todas estas espécies se incluem é o grupo que nos leva a esquecer o plano e sair porta fora para ir ver a ave, porque só vamos ter esta hipótese. A Gaivota-marfim mais que todas as outras é o símbolo máximo disso mesmo, e se alguma vez aparecer em Portugal é arrancar e não parar até chegar à ave!! Nesta que será a ultima parte da analise irão ser abordadas 4 espécies, todas Mega-raridades, a maior parte das quais com apenas 1 registo.
Maçarico-do-campo* Bartramia longicauda O Maçarico-do-campo é uma espécie norte americana que ocupa um nicho ecológico semelhante ao do Abibe na Europa, é portanto uma ave de prados que não se encontra normalmente em estuários e mesmo em margens de águas doce não são frequentes. Em Portugal, todas as ocorrências foram em Setembro, o que indicia uma janela de ocorrência em sintonia com a migração outonal desta espécie ao longo da costa oriental da América do norte. 1999, 22 e 23-Set, Ludo, juvenil, J Ministo, M. Mendes (Anuário 1) 2010, 29-Set a 2-Out, Santa Luzia, Tavira , 1 juv., N. Jackson e outros (Anuário 8) Éuma raridade mesmo em termos do paleártico ocidental (WP), tendo apenas 54 registos nas ilhas britânicas, o que é muito pouco para uma limícola neártica, mesmo assim seria expectável que o número de registos em Portugal fosse maior, não o é provavelmente devido à usual combinação de factores: baixo número de observadores, distribuição dos mesmos principalmente na zona da área metropolitana de Lisboa e no Algarve, e pouco esforço dirigido para habitats propícios na altura certa. Deve ser procurado nas últimas semanas de setembro em zonas de prados costeiros, campos de golf ou terrenos arados após a ocorrência de sistemas que atravessem o atlântico. Pilrito-acuminado* Calidris acuminata Esta espécie asiática que é muito semelhante ao pilrito-de-colete em aparência e na preferência de habitats, é uma espécie que ocorre no extremo oposto do paleártico, e é muito rara na Europa ocidental. O único registo conhecido para Portugal enquadra-se no expectável, já que somos o país mais ocidental na Europa e o mais distante das zonas de reproduções, logo o menos provável para a sua ocorrência. Também em Espanha é uma mega-raridade com poucos registos nos últimos anos Curiosamente o registo feito em Portugal continental diz respeito a uma ave adulto em muda para plumagem nupcial, era portanto uma ave que ou invernou em Portugal ou talvez mais provavelmente estava a migrar para a zona de reprodução tendo invernado na África ocidental. 2007, 21-Mar, ria de Aveiro, adulto em muda, P. Hottola (Anuário 6) No entanto a probabilidade de nova ocorrência em Portugal é a de ser um juvenil em fins de Agosto ou Setembro, em linha com as ocorrências na Europa ocidental. O juvenil é relativamente fácil de identificar já que é bastante parecido com o Pilrito-de-colete mas muito mais ferrugíneo e sem o colete tão bem marcado. Deve ser procurado em habitats frequentados por combatentes como por exemplo: salinas, campos de arroz, zonas de água doce. Mas atenção que é possível a confusão com uma fêmea de combatente. Borrelho de dupla coleira* Charadrius vociferus Este grande borrelho caracteriza-se pela dupla coleira que lhe dá o nome, é nativo das planícies da América do Norte, e é o equivalente ecológico do Abibe tal como o Maçarico-do-campo, e como tal frequenta prados húmidos, com erva muito curta, e margens de zonas de água doce, mas também terrenos completamente secos desde que a erva seja curta. Existe apenas um registo em Portugal, de uma ave no inverno. 1998, 28-Fev, Azambuja, R Tomé, D Leitão, C Mendes, A Cardoso (Pardela 11) É uma raridade ao nível do WP com apenas 55 registos em Inglaterra e 20 na Irlanda, muitos dos registos são no inverno, devido à migração muito tardia desta espécie, havendo deslocações de aves devido ao mau tempo. Dos 3 registos espanhóis, 2 foram feitos em Dezembro e 1 em Maio, o que se enquadra perfeitamente num padrão de ocorrência em que as aves atravessam o atlântico no inverno e depois podem subir na primavera. Pilrito-de-bico-fino* Calidris bairdii Este pilrito, tal como o pilrito-de-uropigio-branco é um migrador de longa distância que faz todos os anos uma migração pelo atlântico para chegar aos seus locais de invernada na América do sul, assim seria de esperar que fosse regular em Portugal, mas tal não é o caso, existe apenas um único registo, curiosamente de uma ave invernante. 2004, 14-Dez, Ludo, R Kelsh (Anuário 6) No entanto, em Inglaterra existem 238 registos e 132 na Irlanda, portanto é seguro assumir que a escassez em território nacional se deve mais a um esforço de cobertura inadequado do que a ser uma mega-raridade, tanto mais que em Espanha é anual, com pelo menos 11 registos concentrados em Setembro e Outubro. A sua não detecção deve-se provavelmente a ser o calidris que frequenta os habitats mais secos, com efeito esta espécie está associada a um tipo de habitats onde seria mais expectável um borelho ou uma tarambola, deve ser portanto procurado em praias com muitos detritos, em campos de golfe e prados costeiros alagados, etc. Um ponto importante a notar é que esta espécie é muito discreta em termos de plumagem, não chamando a atenção, mas é reconhecível pela grande projecção das primárias e no caso do juvenil pelo efeito escamado da plumagem. *mega raridade Em 2,5 horas de contagem:
15 Pato-negro Melanitta nigra 14 Cagarra Calonectris diomedea 1 Pardela-sombria Puffinus puffinus 4 Pardela-do-mediterrâneo Puffinus mauretanicus 758 Ganso-patola Morus bassanus 2 Corvo-marinho-de-faces-brancas Phalacrocorax carbo 1 Corvo-marinho-de-crista Phalacrocorax aristotelis 20 Moleiro-grande Stercorarius skua 1 Airo Uria aalge 30 Torda-mergulheira Alca torda 1 Gaivota-tridactila Rissa tridactyla 4 Gaivota-de-cabeça-preta Ichthyaetus melanocephalus 1 Gaivotão Larus marinus 1 Falcão-peregrino Falco peregrinus Observadores: Pedro Ramalho, Frederico Morais, Paulo Ferreira e Helder Cardoso. O "Seabirding in Peniche" associou-se à Haliotis na organização de saídas pelágicas ao largo de Peniche, oferecendo assim oportunidade a observadores e fotógrafos, durante todo o ano, de contactarem com algumas das espécies de aves mais difíceis de observar e fotografar de terra.
Próxima saída: 29 de Março 2014! Depois da passagem da tempestade, estive 7 horas na Cruz dos Remédios a fazer contagens de marinhas, durante a manhã a passagem foi intensa, durante a tarde a passagem abrandou consideravelmente. 189 Melanitta nigra 1 Gavia stellata 1 Gavia immer 2 Puffinus puffinus 27 Puffinus mauretanicus 1 Oceanodroma leucorhoa 1 Oceanodroma sp. 45 Stercorarius skua 1 Stercorarius parasiticus 19 Uria aalge 2393 Alca torda 25 Fratercula arctica 313 Rissa tridactyla 1 Hydrocoloeus minutus 46 Ichthyaetus melanocephalus 8 Thalasseus sandvicensis Postado por: Helder Cardoso
Uma gaivota imponente e impressionante.
|